Eu não sei respirar, mas deixo que tu respires por mim. Vós que carregas no peito todo o ar puro de quem aspira da vida suas maiores belezas. Vós que tens nesses olhos o brilho de quem é feito para viver sem fim. Ó como o invejo, meu amado!... Como o desejo!... E desejo percorrer cada hemisfério do teu ser, tuas íngremes elevações, as melodias alegres de suas ruas, os seus segredos que n'alma esconde. Desejo desvendar o que há nos teus pensamentos que por tantas vezes o rouba de mim, desejo saber o que habita em teu sorriso que tanto dar sem razão. Minha fé está em desvendar-te, descobrir-te desses mistérios, apesar de tanto amá-los e amar tudo o que vem de ti.
Não se mexa! Não diga nada, nem mesmo pisque estes olhos serenos!...
Estou adentrando-te. Estou avançando com cautela...
Mas tenho ânsias, tenho pressa!...
E vejo, nesse ver me surpreendo. Tu és coberto de gelo onde meus pés deslizam, é tão frio como o que me faz por dentro. Tuas ruas estão esburacadas, tuas elevações são altas demais para que alguém consiga alcançar o topo... Mas tento! Não se preocupe, meu bem. Ainda vejo beleza em ti, ainda vejo a esperança nesse teu sorriso que se esforça para sair. Ainda vejo uma alma com fome de felicidade, que não contenta-se com migalhas, que almeja um vasto banquete para saciar-se. Admiro-te e ainda tenho inveja por ti. Pois a infelicidade que te toma, essa mesma que vive em mim, não é mais forte que o teu desejo de sorrir... E queria eu que em mim também fosse assim! Eu, que procuro por uma salvação e onde encontrá-la, poderia ir e te deixar por ser como eu, mas insisto em ficar... Não nos completamos como pensei outrora, mas ainda assim poderemos ser um só.
Lindo esse texto... Já gostava de você quando usava o Tumblr.
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