domingo, 20 de novembro de 2011

Descobrindo-te.

Eu não sei respirar, mas deixo que tu respires por mim. Vós que carregas no peito todo o ar puro de quem aspira da vida suas maiores belezas. Vós que tens nesses olhos o brilho de quem é feito para viver sem fim. Ó como o invejo, meu amado!... Como o desejo!... E desejo percorrer cada hemisfério do teu ser, tuas íngremes elevações, as melodias alegres de suas ruas, os seus segredos que n'alma esconde. Desejo desvendar o que há nos teus pensamentos que por tantas vezes o rouba de mim, desejo saber o que habita em teu sorriso que tanto dar sem razão. Minha fé está em desvendar-te, descobrir-te desses mistérios, apesar de tanto amá-los e amar tudo o que vem de ti.

Não se mexa! Não diga nada, nem mesmo pisque estes olhos serenos!...
Estou adentrando-te. Estou avançando com cautela...
Mas tenho ânsias, tenho pressa!...

E vejo, nesse ver me surpreendo. Tu és coberto de gelo onde meus pés deslizam, é tão frio como o que me faz por dentro. Tuas ruas estão esburacadas, tuas elevações são altas demais para que alguém consiga alcançar o topo... Mas tento! Não se preocupe, meu bem. Ainda vejo beleza em ti, ainda vejo a esperança nesse teu sorriso que se esforça para sair. Ainda vejo uma alma com fome de felicidade, que não contenta-se com migalhas, que almeja um vasto banquete para saciar-se. Admiro-te e ainda tenho inveja por ti. Pois a infelicidade que te toma, essa mesma que vive em mim, não é mais forte que o teu desejo de sorrir... E queria eu que em mim também fosse assim! Eu, que procuro por uma salvação e onde encontrá-la, poderia ir e te deixar por ser como eu, mas insisto em ficar... Não nos completamos como pensei outrora, mas ainda assim poderemos ser um só.

Um comentário:

  1. Lindo esse texto... Já gostava de você quando usava o Tumblr.

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