quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Nudez d'alma.

estou nua…
completamente
despida
de amor
e de alegria.

É sestro, é loucura.

Num ápice de loucura desse sestro antigo, achei ter te visto por trás dos arbustos que rodeavam minha casa. Minha visão se deixou levar por esse meu querer suplicante que fica te querendo em cada canto que olho. Na cama vazia, no sofá rasgado, no mais profundo habitar de meu ser. Simplesmente adornando esse minha vida minguada e fatigada. É sestro, não se arranca ou se melhora. Fica fixo dentro d’alma e envenena tudo que o tenta retirá-lo. Maldito seja esse meu sestro de amar-te tão impreterivelmente e torto. E me entorto cada vez, e me enlaço em você quando nem aqui tu estás. É sestro, é loucura.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Fugindo.

E fugiu… Mas era uma fuga incessante, eram voltas em um único ponto. E deixou o café esfriar, e deixou o amor a destruir. Correu pela estrada vazia e esburacada atrás de uma carona que a tirasse dali, mas a única coisa que passou foram os pássaros pelo céu caçoando-lhe pelas suas fraquezas. Fugia, ao invés de ficar. Temia, ao invés de lutar. Se ficasse talvez não precisasse percorrer caminhos tão longos e sofríveis. Se tomasse o café e enfrentasse tudo aquilo sem medo de cair, talvez fosse mais fácil levantar e seguir em frente. Mas era limitada aquela pobre alma sandiçal, e presa ao limites não conseguia viver. E fugia…

Conversa da alma.

Colocou duas cadeiras na varanda. Uma para ela, outra para a solidão. Sentaram em silêncio, embora buscassem palavras para falar. Nos primeiros minutos apenas observaram o vento invisível passar, as gaivotas migrarem para o norte, o sol de um verão sulista aquecer a pele. Então a solidão quebrou o silêncio perguntando em quê ela pensava, mas ela não soube responder. Seus pensamentos eram turbilhões quiméricos, uma junção de menina-mulher que não sabia se queria ou não queria. Vivia, jogando cara ou coroa, brincando de bem-me-quer ou malmequer. Perdia as moedas quando as jogava, devastava os jardins nas buscas de flores. E errava os caminhos, tropeçava em próprios pés, definhava-se. Escrevia-se nas histórias achando que usava lápis, mas era caneta e deturpava a vida nessa coisa de escrever besteiras. Era péssima escritora, bagunçava as histórias, esquecia os detalhes. Linhas sem pontas, quadrados sem lados. E no fim terminava ali, num diálogo quieto e sem som. Um diálogo com ela mesma.

Então colocou duas cadeiras na varanda... Sentou-se nas duas.

Diálogo ou Monólogo?

— Morreu.
— Quem morreu?
— Não quem, o quê.
— O quê morreu então?
— O amor.
— Ah, mas isso já faz tanto tempo!…