terça-feira, 13 de setembro de 2011

Conversa da alma.

Colocou duas cadeiras na varanda. Uma para ela, outra para a solidão. Sentaram em silêncio, embora buscassem palavras para falar. Nos primeiros minutos apenas observaram o vento invisível passar, as gaivotas migrarem para o norte, o sol de um verão sulista aquecer a pele. Então a solidão quebrou o silêncio perguntando em quê ela pensava, mas ela não soube responder. Seus pensamentos eram turbilhões quiméricos, uma junção de menina-mulher que não sabia se queria ou não queria. Vivia, jogando cara ou coroa, brincando de bem-me-quer ou malmequer. Perdia as moedas quando as jogava, devastava os jardins nas buscas de flores. E errava os caminhos, tropeçava em próprios pés, definhava-se. Escrevia-se nas histórias achando que usava lápis, mas era caneta e deturpava a vida nessa coisa de escrever besteiras. Era péssima escritora, bagunçava as histórias, esquecia os detalhes. Linhas sem pontas, quadrados sem lados. E no fim terminava ali, num diálogo quieto e sem som. Um diálogo com ela mesma.

Então colocou duas cadeiras na varanda... Sentou-se nas duas.

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