sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A música do vento.

Não quero ser a música do vento, a destreza de uma passagem efêmera. Quero moradia fixa, quero enterrar meus pés na terra e enraizá-los, crescer e frutar. Viver de correrias é para quem tem pressa da vida, e pressa eu não tenho. Sou de sentar e viver de lentidão, de demoras, de serenidade. Gosto quando o tempo para, e se não para, passa de passos de tartaruga. Sei ser paciente, sei ser amiga da tranquilidade. Acho que quem corre demais, chega ao fim mais rápido que quem espera. Dou tempo ao tempo, e assim, assim o tempo dar-me mais tempo para viver. Mas amigo, não conclua nada ainda, isso não quer dizer que vivo sentada, fazendo nada e sendo nada também. Pelo contrário. Eu ando, eu voo, eu corro. Mas não corro para chegar primeiro ou para alcançar o tempo. Corro para sentir o vento que passa apressado, corro para fechar os olhos e só parar quando cair. Vivo muito. Todos os dias eu vivo, sempre que posso viver. E se a tristeza faz com que eu me sinta morta, então vou viver na minha imaginação. Lá posso ser tudo e ter tudo, posso até ter pressa e nunca alcançar o fim. Lá sou as aves e suas cantorias, lá sou os sentimentos e suas fases.

Repito, não quero ser a música do vento. Quero ser a música inexistente de quem dança sem par e sem passos, na verdade nem dança, só pula e gira. Quero ser a música que toca na madrugada para fazer adormecer quem tem insônia. Quero ser a música que alegra a tristeza, a música que faz cantar, que faz repeti-la dez vezes ao dia e dez vezes a noite. Quero ser a música de uma fuga, de um beijo, de um reencontro. A música da saudade, da reflexão, da chuva que cai em um sábado frio. Quero a ser a música de todos os momentos, estações e tempo. Mas não quero ser a música do vento… O vento é o tempo, o tempo é o vento.

Vem, vem rápido, chega rápido. E quando chega, leva tudo.

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