quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Dança Dos Poemas Mortos

Observe nossa dança de poemas mortos…
... Rezemos por eles!

São eles os poemas que um dia disseram e deram amor e hoje nos dão a distância. Os passos são rápidos, a música toca ao fundo com suas notas agudas. Ás vezes lenta, ás vezes rompante. Em crescente e decrescente, leve e bruta. Até desafina… Como os passos dos nossos versos! Os meus caminham para a direita, e lá estão os teus, indo para a esquerda. Tento te encontrar, mas novamente há desencontros entre nós. Teus versos tudo rimam, os meus versos são livres. Nossa dança é triste como um velório, decerto é. Jazem aqui nossos poemas; de tantos os versos se desencontrarem não houve estrofes, não houve palavras que preenchessem as linhas mudas do papel. Nossa poesia morreu, eu lamento, e essa dança é tão morta quanto eles. Mas não se afite, meu bem, não creia que nossos pés desfaleceram também. Ainda há outras músicas por aí para que possamos dançar; infinitas músicas, passos belos, muito belos, mas não serão dos meus com os seus… Talvez eu prefira tango, você prefira soul, e que assim seja. Meus pés não foram feitos para os teus, não existe sincronia em nossos ritmos, e tua alma desatina os meus desejos em ter o que me complete, e não o que me submete a descrer de um futuro feliz. Que tu faças teu show em outros palcos, que a dança dos teus poemas esteja longe da minha vista, que a música que o rege não possa ser escutada pelos meus ouvidos. Vai-te embora! Vai-te para longe de mim. Vai-te além do que posso ver e alcançar, pois caso os teus pés e tuas mãos ainda permanecerem aqui, a loucura me tomara e essa dançar eu tentarei ressuscitar, pois ainda vive em mim o desejo de que ela viva meu rapaz.

Então observe nossa dança de poemas mortos...
... E que os mortos descansem em paz!

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