sábado, 19 de novembro de 2011

Escreva-me!

Escreva-me em um pedaço de papel com rasgos e amassos. Escreva-me num muro velho e solitário. Escreva-me com uma única palavra ou com um dicionário todinho feito delas. Escreva-me nos números, nos olhares, nas ânsias ansiosas do teu peito. Escreva-me até mesmo em nada e com nada. Busco a tua compreensão e a certeza dela numa prova. Então escreva-me!… Quero ser usada pelos teus lápis e tuas canetas; quero passar pela tua mente e ser enclausurada lá, para que tu penses sobre mim e escreva-me. Levante na madrugada e escreva-me mais um pouco, acorde pela manhã cedo e escreva-me mais uma linha. Ó meu amigo amado, dar-me essas tuas palavras que me descrevem, dar-me o teu pensamento e o que ele pensa de mim.

Se eu sou fruto agridoce, descreva-me o gosto, pois eu não o sei. Se eu sou melodia que não se toca, só toca, então transcreva essas minhas notas para o papel, e assim te farei um lindo recital. Se eu sou a sombra que te segue na escassez e na abundância de luz, mostre-me essa perseguição len-ta-men-te com vogais e consoantes. E se pareço obsessiva para que tu me (des)escrevas, não reclame, não questione… Só escreva-me! Preciso de alguém que saiba usar as palavras em mim, pois durante a minha vida todas as tentativas foram vãs.

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