sábado, 19 de novembro de 2011

O cheiro, as perdas, a fuga.

Esse meu eu tem cheiro de abandono, que lástima! Cabe-me a confissão que sempre vivi de faltas, mas jamais acreditei que as ausências cresceriam tão pungentes. Perdi a visão na tentativa de sugar-te para mim com o olhar. A voz eu perdi também, de tanto tentar te gritar. Meus braços hoje não se movem, cansados e derrotados de ficarem estendidos na espera por ti. Que fiz, ó mi amor? Nada eu fiz e nada eu tive, só quis. Ora bolas, ora! Olha a hora que passa e me deixa para trás. Não posso correr, só fico – só! As estrelas que outrora reluziam em mim, hoje me deixam no escuro. É noite o dia inteiro, é chuva incessante ocupando o lugar do sol. Não sou o fim deixado por ti, sou o fim que me deixei ser. Ah, esse cheiro de abandono!… Perpassa pelo meu dorso, enquadra-se em meus cabelos, perfura-me o corpo e invade-me a alma, enfim! Segurem-no, segurem-no! Por favor, não o deixe ficar. Tire, tire! Mate-o antes que me mate, ou eu mesmo o faça só para acabar.

Ó mi amor, explica-me a razão de tanto dor. Cesse essas lamúrias e esses sentimentos, dar-me a paz que o espirito suplica-me a todo instante! Ando doida, doída. Ando só como a Lua que vive sozinha; na noite, nas ruas, nas pétalas das flores que murcham de saudade. Meus sonhos se vão como a névoa que desvanece sôfrega no horizonte, meus sorrisos padecem da doença que toma meus olhos em água. Sou incapaz de segurá-las, de controlá-las, de acompanha-las. Meus pés que se arrastam por essas ruas quimeras pedem-me um descanso, e os dou. Se sento, não mais levanto. Se quero prosseguir, não mais consigo.

E se tento fugir do que sou, é vão. Pois jamais haverá escapes de mim, mi amor…
… Não se eu for a pé.

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