sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O espetáculo!

Faço meu teatro de palavras, mas não quero aplausos. Essa intensa necessidade de compreensão e preenchimento que minh’alma implora-me, recusa toda a beleza do que bocas dizem ter a tristeza e qualquer admiração de quem assiste ao meu espetáculo. Meu show é barato, é sim. Pois se não há nada valioso em mim, tampouco haverá no que meus dedos lutam para formar. Se eu minto, também falo a verdade. Se eu falo a verdade, então lamente meu bem. Pois a fraqueza me empurra a ela, não vou por que quero ir. Vou, pois meus devaneios já não suportam a escravidão que lhe faço e pedem-me suas cartas de alforria. Mas não quero dar-lhes a liberdade e ser livre também. Não quero olhos abertos para ver, dei-me apenas um coração disposto a não sentir o que tanto este aqui em meu peito insiste em fazer. Meu problema não é vazies, pois tenho em mim amontoado e embaraçados, sentimentos que eu nem mesmo sei explicar de onde vieram.

[E o que são? E quem os pôs ali?].

Mas, se isso ainda for pouco para ti, experimente então uma dose das lembranças que guardo. Se queimares a tua língua, isso é problema seu, pois o meu eu já o tenho, queimo-me todos os dias. Almejo doces maças para nascer em meu limoeiro. Almejo olhos que vejam apenas o que posso suportar. As acerbardes dessa vida quero-as longe de mim, as vergonhas passadas quero no lugar um Sol de verão iluminando o âmago do meu ser. Borde em mim, alguma alma bondosa, um sorriso de quem acredita na vida. A esperança entrelaçada em minhas mãos, a felicidade presa em meu calcanhar. Quero sentir, mas sentir as cores; o rosa, o azul e o amarelo. Quero sentir, mas sentir as flores; as violetas, as gardênias, os girassóis.

Quero sentir, mas sem ti, já não posso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário