domingo, 18 de dezembro de 2011

(Um conto) Os amores de Noel.

Noel tem amores estranhos. Sim, meu amigo, ele tem sim. Tem dias que Noel ama os livros, e gasta o tempo a lê-los, a cheirá-los, a olhar cada extensão e observar detalhes que poucos percebem. Por exemplo, um pontinho no canto da folha deixado pela impressão. E ele se ver a sorrir, admirando o pontinho solitário e que nada lhe diz. Há dias também que Noel ama os peixes, e vai à lojinha ao lado só para observá-los. Acha engraçado o modo como eles soltam beijinhos de segundo em segundo, como mexem suas nadadeiras pequeninas, como olham para tudo com seus olhos dóceis… São bastante amorosos os peixes, apesar de viverem em monotonia em meio a tanta água e outros peixinhos de várias cores.

Noel ama meio mundo de coisas, o que pode se vê e o que não pode; o que ele tem e o que ele quer; até o que não existe e ele imagina. Noel dar amor com um olhar ligeiro, com um toque cauteloso, com um sorriso gordo nos seus lábios tortos. Noel ama lugares que ele nem conhece, palavras que ele nem sabe pronunciar, histórias que ele nunca leu e nem ouviu falar. Noel ama o barulho e o silêncio, o bonito e o feio, o grande e o pequeno. Ama as diferenças, as confusões, até as tristezas e com certeza as alegrias… As sem razões então, ele é completamente apaixonado!… Noel também ama as “borboletices” humanas, os cantos dos girassóis, as reflexões dos pássaros no despontar da aurora. Ama as estranhezas, as minúcias, as coisas que ninguém mais consegue amar. O velho, o novo, o louco, o bobo. Tudo!

Noel ama tudo, pois um dia nada o amou.

Um comentário:

  1. Achei lindo! Acredito que é nas pequenas coisas que achamos os amores maiores. Noel sabe vi(ver).

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