sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Desenrolemos as mentiras desses olhares, desses dizeres. Dizemos a verdade agora, essa mesma que machuca como navalha sobre a pele viva, essa mesma que abraça o que já desconhece a sensação de ter amigos. Eu aguento, minto, mas eu aguento. Minha força está na chuva que em mim cai, que de mim sai, que a todos molham, mas poucos sentem. Minha felicidade está ali, do outro lado, de mãos erguidas num chamado e de olhos suplicantes, desesperados. Minha felicidade está longe, e longe está quase infeliz…

Não sei ao certo o que farei da vida amanhã, não sei ao certo o que a vida fará de mim hoje. Ressoa em mim, certeira e cortante, a certeza de que nada é certo, nada é reto, tudo e todos são tortos. Os humanos são sujos como os porcos que se misturam aos farelos, mas são lindos como o ar que respiram para sobreviver. Sou tão humana quanto, suja e bela. Tão humana quanto o porco e o ar. Sou a brisa que te toca, que toca a velha bossa nova para a moça do rock dançar. Sou a brisa californiana, inglesa, alemã. Sou a brisa do nordeste, do sertão de nós e do litoral de vós. Da chuva que não vem e das ondas que vai e vão.

E assim, sendo a brisa que sou, vou até a minha felicidade lá do outro lado. Seguro suas mãos e voamos. Como os porcos, como os belos, como as brisas, como os humanos.

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