sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Até tu, Brutus?

Cravou-me uma adaga nas costas enquanto eu sorria para ti em meus pensamentos… Alimentou-me com mentiras que envenenaram quaisquer partículas de minh’alma… Como pode ser tão atroz a ponto? Que te fiz ou te dei além de amor e verdades? Queria compreender tuas razões, mas razões nem tens para dar-me. Só deixara morrer a rosa que plantei como símbolo do nosso amor. Dei a ela todos os cuidados e afagos, e tu deras teus dedos que a despetalara por inteira. Guardo o luto dentro de mim, e rememoro vezenquando a vida que o meu amor e a nossa rosa levaram. Tentei arduamente alimentá-los com a eternidade, mas tu eras dono de outros métodos e os meus planos destruiu.

Assim você se foi, foi como a ave que deseja aprender a voar para seguir o seu bando; foi como a fome que avista de longe um vasto banquete. Suas palavras davam-me amor e não amavam. Veja, só veja!… Como eu poderia adivinhar que teus lábios eram mais perigosos que aquele meu anseio desvairado em tê-los sobre os meus? E cegava-me diante da razão, e ensurdecia-me do que bradava a verdade. Eu via e ouvia o teu amor, até mesmo acreditava que o sentia emanar dos teus olhos, escapar dos teus dizeres… Mas de forma alguma ele cabia em minhas mãos e tornava-se meu. Nem aqui, nem ali, nem acolá, nem além!

Rasguei todos os meus sonetos que continham teu nome, joguei ao léu todas as rimas feitas para ti. O sol que outrora brilhava, foi se esconder de tanto vergonha por testemunhar toda essa tragédia. Pois dessa história restou-me a certeza de que sou o César traído, sou o César que foi apunhalado. E tu, tu és o meu Brutus. O que tanto amei e cuidei, o que tanto mentiu e no fim me matou.

Até tu, Brutus? Até tu, meu querido?

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