quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A morte da poesia, de mim.

Cometi um crime, é que alguns dizem. Mas não há crime igual ao sofrimento que ela trazia-me. Amar sem razão, amar para escrever, amar para ser, amar por amar e sem saber amar, sofrer!… Cometi um crime, então assim eu digo com todo orgulho. Eu a matei. Creio que ela não sofreu, não sentia nada de dor e nem de amor, só fazia-me sentir, toda essa dor e esse amor que renegava. Eu a matei, e foi mais simples do que pensei ser. Deixei que ela morresse, me olhando com seus olhos de manhã de verão quando por dentro era o granizo de inverno que feria ao cair. Nem que Deus desse-me cem anos de vida, nos meus cem eu jamais iria esquecer aquela cena, jamais deixaria de sentir o praz de vencê-la tão facilmente. Arranquei-a de mim, decerto doeu, mas na dor eu sorri por desvencilhar-me de tamanha maldição. Nunca mais farei o que ela fazia-me fazer, nunca mais me submeterei à tamanha fraqueza em expor-me assim. Ao amor de poeta. O amor condenado à solidão que reina infeliz no reino das palavras chorosas. E juntos choramos, não ao crime que cometi a ela, ao crime que cometi a mim…

Matei a poesia da minh’alma. Agora, senhor, sou apenas um conto de horror.

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