sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Tristeza de nós, do tudo, de mim.

Tristeza onde moro, morando: desmorono. Tristeza que me cria, criada: descreio na alegria. Mas por que hei de chorar se posso sorrir também?…

Tristeza é o poeta morto, o lirismo ao deus dará, as rimas pobres de quem não sabe rimar. Tristeza é fechar os olhos para fugir, é ver pés assassinos de flores inocentes, é a falta de um beijo nos lábios secos. Tristeza é a mentira que agrada, é a verdade que tempesteia, é o olhar que mente mais que palavras. Tristeza é a cidade que cresce e esconde a Lua, são as janelas que se fecham para o Sol não entrar, são as palavras que machucam e não se arrependem. E tristeza também é aquilo que se planta e não colhe; que se tem e se quer sem precisar ter e querer. Sobrevivo a esse mundo que procria e cria as mais diversas tristezas… Tristezas que se esqueceram das alegrias, tristezas que são apenas tristezas. Vagueiam de lá para cá, não perguntam aonde devem ir, vão aonde querem. Recusam os intervalos para um sorriso oferecido, nem isso sabem o que é! Caminham, aos pulos, aos tropeços. Não querem ajuda, nem olhares piedosos, desses elas riem a risada triste de um palhaço melancólico. Tristezas sombrias que lentamente se aproximam das almas dispersas, tristezas assassinas, não suicidas, pois só não matam o que deve morrer. Tristezas fiéis, mas traíras, que desgraçam e que sufocam. Que remetem o que não se vai, que vai e lá não fica. Tristeza essa dos ricos de pobrezas, das almas pedintes, das suplicas aos ouvintes… Que nada ouvem.

Um dia hei de ser a fonte que curará toda essa doença que é a tristeza de nós, do tudo, de mim. Hei de dar adeus às enfermidades que me cercam, pois saberei escapar mesmo sem escapes. Sozinha, como inteiramente fui desde que brotaram-me, irei lembrar-me de como é por nos lábios um sorriso que enfeite, e não mais deixá-los comprimidos nessa linha reta e pálida que nada diz e nem se atreve. Hão de ouvir minhas orações, meus sussurros que querem se tornar gritos, enquanto as minhas conquistas ainda nem conquistaram a voz… Por ora, sou apenas mais uma lágrima tristonha que o mundo deixa escapar e ninguém vê.

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